O inquérito que investiga tentativa de golpe de estado foi enviado à Procuradoria Geral da República (PGR). Tamanhos das penas dos crimes atribuídos aos indiciados podem estimular outros investigados a também tentarem se tornar colaboradores, a exemplo de Mauro Cid. Após a conclusão das investigações da Polícia Federal (PF) sobre uma tentativa de golpe para manter ilegalmente Jair Bolsonaro (PL) no poder, o temor no entorno do presidente é que mais militares decidiram se tornarem colaboradores. Entre os nomes que mais preocupam estão os dos generais Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria Geral da Presidência e um dos principais artifícios dos planos, segundo a PF; e Estevam Teophilo, comandante que se dispôs a colocar suas tropas na rua para apoiar o golpe e que fez parte do Alto Comando do Exército até 2023, já sob o governo Lula. A teia do golpe: infográfico mostra o papel de cada investigado Mário Fernandes em selfies em acampamentos golpistas. Reprodução/JN O inquérito, que indiciou de 37 pessoas – 25 deles integrantes ou ex-integrantes das Forças Armadas – foi entregue pela PF ao Supremo Tribunal Federal (STF) e chegou à Procuradoria Geral da República nesta quarta. Cabe à PGR decidir se denunciar ou não os indiciados. Fontes ouvidas pelo blog lembram que a PF, que fechou o acordo de delação com Mauro Cid, revelado pelo blog em setembro de 2023, concluiu o inquérito do golpe. E afirma desconhecer qualquer indicativo de nova delação. Nada impede, entretanto, que os investigados decidam procurar a PGR para tentar colaborar e, assim, reduzir eventualmente penas se virem a ser condenados. Os 37 investigados foram indiciados por tentativa de abolição do estado democrático de direito, tentativa de golpe de estado e organização criminosa – crimes que, sem contar eventualmente agravantes ou atenuantes, têm penas que somam quase 30 anos de prisão. Para fontes ouvidas pelo blog, essa perspectiva, a pressão familiar e o fato de Cid – braço direito do ex-presidente ao longo de todo o mandato e um de seus mais fiéis seguidores – ter fechado a delação que colaborou para que todos fossem indiciados, servem de estímulo para outros investigados tentarem colaborar. Para conseguirem um acordo, porém, os potenciais candidatos terão de entregar informações que tragam novidades em relação ao farto material recolhido pela PF. Pela regra, um delator precisa de informações sobre líderes que estão acima dele na posição da organização criminosa. No caso de Theofilo, ele é descrito por ouvidos militares pelo blog como o mais bolsonarista dos generais bolsonaristas sentados no Alto Comando – e tinha ciência, segundo a PF, do esquema em curso e ambição de chegar, inclusive-, ao comandante do Exército. Oficialmente, assessores de Bolsonaro afirmaram que o ex-presidente não está preocupado pois não participou de nenhuma tentativa de golpe. A estratégia de Bolsonaro é tentar descolar Bolsonaro da trama golpista que, segundo a PF, o beneficiário.
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