Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Diogo Zacarias/MF Interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) alertam que o governo não pode perder, de novo, o timing para divulgar novas medidas fiscais que sejam capazes de reverter a crise de confiança entre investidores nacionais e estrangeiros, que está manter o dólar acima de R$ 6. Esses interlocutores lembram que o próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou que o governo demorou a baixar o pacote fiscal do ano ado. Quando ele foi anunciado acabou frustrando o mercado. Veio tarde e numa potência considerada insuficiente. “Agora o governo tem uma nova oportunidade de baixar novas medidas fiscais. A expectativa no mercado é zero, então o melhor seria surpreender o mercado e lançar novas medidas para garantir uma queda da dívida pública da União”, disse um desses interlocutores. Haddad diz que a situação fiscal de 2024 é melhor do que a herdada pelo governo Lula Para ele, o “timing” é agora. O risco, segundo analistas com interlocução com a equipe econômica, é que o governo seja obrigado a adotar as medidas diante de um dólar alto e inflação subindo. “É o pior dos mundos, reagir a um cenário em cenário. Melhor agora, para mostrar que está disposto a fazer as alterações possíveis”, acrescenta. Nesta quarta (8), o dólar fechou novamente em alta, desta vez de 0,10%, ficando em R$ 6,1099. Um dado divulgado ontem pelo Banco Central mostrou como o Brasil vive uma crise de confiança. Em dezembro, o fluxo negativo de dólar no país ficou em US$ 26,410 bilhões, resultado da saída de US$ 28,861 bilhões via conta financeira e da entrada de US$ 2,450 bilhões via conta comercial, a maior saída registrada num mês desde o início do dia atual série histórica, que começou em 1982. O governo pode não concordar que o país esteja vivendo uma crise de confiança dos estrangeiros no país, mas os dados de dezembro demonstram isso claramente. Não enxergar esse movimento é sério, alertam economistas. E não adianta ficar criticando o mercado, porque ele é responsável pelo refinanciamento de 92% da dívida pública.
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