Maximiliano Dávila, último chefe antidrogas do governo do ex-presidente Evo Morales, foi extraditado nesta quinta-feira (12) para os Estados Unidos, onde enfrentará acusações de envolvimento com o narcotráfico.
A transferência ocorreu sob rigorosos protocolos de segurança, com Dávila partindo da prisão de San Pedro, localizada em La Paz, no início da manhã, e embarcando em um avião no aeroporto de El Alto, com destino final ao território norte-americano.
De acordo com o diretor nacional do Regime Penitenciário, Juan Carlos Limpias, o ex-chefe antidrogas foi retirado da prisão às 5h45 (horário local) e embarcou às 8h45 [horário local] em uma comunicação enviada pelos EUA.
“Uma vez entregue de acordo com os protocolos do Estado boliviano, já não temos competência. Os detalhes logísticos são de responsabilidade dos Estados Unidos”, explicou Limpias durante entrevista coletiva. Ele também destacou a postura do governo boliviano em não proteger pessoas com narcotráfico. “Há uma solvência moral por parte do nosso Estado em não encobrir ninguém que tenha cometido crimes relacionados ao narcotráfico, especialmente em prova de outro país. A extradição de Maximiliano Dávila é clara disso”, afirmou.
A autorização para a extradição foi emitida em novembro pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Bolívia, após os EUA formalizarem a acusação contra Dávila pelos crimes de “associação para importação de substâncias controladas” e “associação para o manejo de armas relacionadas ao narcotráfico” . Tais crimes resultam em penas que variam de 10 anos de prisão podem ser perpétuas.
Dávila foi presa em janeiro de 2022, após ser apresentada publicamente pelo então ministro de Governo, Eduardo del Castillo. Desde então, esteve em prisão preventiva sob acusação de lavagem de dinheiro, crime punível com penas de 5 a 10 anos de prisão. Além disso, as autoridades bolivianas apontaram que ele “protegia” redes de narcotráfico que operavam entre Bolívia, Peru e Colômbia, de investigações conduzidas pela DEA, agência antidrogas dos EUA.
Os Estados Unidos já ofereceram, em fevereiro de 2022, uma recompensa de US$ 5 milhões por informações que levaram à captura de Dávila, alegando que ele utilizou sua posição para facilitar o transporte de cocaína por aeronaves para distribuição em território americano.
O caso contribuiu para aumentar ainda mais a tensão política na Bolívia. Evo Morales, que está em confronto direto com o atual governo liderado pelo presidente Luis Arce, criticou a extradição e alegou perseguição.
À Agência EFE, Morales disse na semana ada que existe uma pressão do atual governo para que Dávila declare contra ele. O ex-presidente, que está escondido na Bolívia, onde as alegações estão sendo perseguidas, disse que essa pressão ocorre mesmo após a investigação da DEA e não tem “encontrado nada”.
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