Em balanço, Milei promete reformas mais profundas na Argentina

Em pronunciamento transmitido em rede nacional na noite desta terça-feira (10), o presidente da Argentina, Javier Milei, celebrou o primeiro ano de sua gestão destacando conquistas econômicas, reforçando o compromisso com sua agenda de reformas estruturais e anunciando planos ambiciosos para 2025 .

Em discurso gravado no Salão Branco da Casa Rosada, Milei abordou temas como inflação, segurança pública, relações internacionais e o futuro político do país.

“Era uma prova de fogo quando assumimos”, declarou Milei ao abrir seu discurso, agendando os desafios enfrentados desde sua posse.

“Este ano os argentinos revelaram ser homens e mulheres fortes”, acrescentou o presidente.

“Queridos argentinos, quero começar agradecendo a todos por me permitirem ser o presidente desta nação e por enfrentarem esses meses difíceis de nossa gestão. A todos que lutam todos os dias. Quero agradecer aos argentinos comuns pelo sacrifício que fazem”, disse o líder argentino.

O presidente fez questão de ressaltar o ajuste fiscal implementado por seu governo durante este primeiro ano, descrito por ele como “o maior da história da humanidade”.

Segundo Milei, o superávit fiscal sustentado ao longo de dez meses foi alcançado graças ao corte de gastos públicos, que incluiu a eliminação de mais de 100 secretarias, a redução de ministérios, o fechamento de órgãos como o INADI (de combate à descrição) e o Ministério da Mulher, classificado pelo Executivo como “cabide de empregos para os kirchneristas”, além de auditorias em universidades públicas e outros setores do Estado.

“Não vamos dar o braço a torcer, mesmo que nos queiram extorquir”, afirmou.

Milei também destacou os resultados de sua política econômica, apontando que a inflação, que chegou a índices alarmantes, foi decrescentemente. “Estamos mais perto de que a inflação seja uma lembrança ruim”, disse o presidente, comemorando a taxa de inflação de 2,7% no acumulado mensal de outubro, bem longe dos mais de 20% apontados em dezembro de 2023.

Com muita confiança, Milei prometeu que o próximo ano trará avanços ainda mais significativos. O presidente disse que dará continuidade às reformas iniciadas neste ciclo.

“Vocês conhecem este ano a motosserra. Agora vem a motosserra profunda”, afirmou, fazendo referência ao corte de despesas e à redução do tamanho do Estado.

“A atividade já começou a melhorar. Esta tendência se manterá em 2025. Entramos em um ciclo de recuperação econômica e aumento do poder aquisitivo dos argentinos”, garantiu o mandatário.

Milei anunciou ainda que o seu governo trabalhará para implementar no próximo ano uma reforma tributária que reduzirá 90% dos impostos nacionais e que proporcionará às autonomias provinciais.

Ainda entre as promessas para 2025, destacou a iminente saída do chamado “cepo cambial” – restrições impostas pelo governo ao mercado de câmbio – e a introdução da livre concorrência de moedas.

“Cada argentino poderá comprar, vender e faturar na moeda que, exceto para o pagamento de impostos, que continuará sendo em pesos por enquanto”, explicou.

Para a política externa, Milei revelou que pretende avançar nas negociações para um tratado de livre comércio com os Estados Unidos, o que, segundo ele, colocará a Argentina novamente no mapa do comércio internacional. No próximo ano, os EUA serão liderados pelo republicano Donald Trump, um aliado de Milei.

“Não há prosperidade sem comércio, e não há comércio sem liberdade”, declarou o presidente.

Ele também apresentou a possibilidade de ampliar o Mercosul – que está presidindo neste momento – e de atrair mais investidores estrangeiros para a Argentina, porém o país já começou a recuperar sua relevância no cenário global.

“O mundo voltou a posar seu olhar na Argentina”, disse Milei, acrescentando que os investidores avaliaram até morar no país.

No campo da segurança, Milei celebrou a redução da criminalidade em regiões como Rosario e destacou ações para combater piquetes e as desordens públicas.

“Terminamos com os piquetes, para nós, a ordem pública é fundamental”, afirmou.

Na área de segurança, Milei detalhou medidas já inovadoras, como o plano para redução da criminalidade em Rosário, e apresentou novas propostas, incluindo uma reforma da Polícia Federal, leis mais rígidas contra máfias e crimes violentos, e a redução da maioridade penal para 16 anos .

“É inissível que jovens com idade suficiente para cometer crimes graves sejam tratados como inimputáveis. A redução da maioridade penal é uma necessidade para proteger a sociedade e enviar uma mensagem clara de que não há impunidade”, afirmou o presidente.

Milei destacou que o projeto de lei já está em tramitação no Congresso e que espera aprovação ainda no primeiro semestre de 2025. Ele defendeu uma medida essencial para combater o crescimento da violência entre gangues e a criminalidade juvenil em áreas como Buenos Aires e Rosário.

“Estamos do lado das vítimas, não dos criminosos. Não há recuperação econômica que valha se a sociedade viver com medo”, concluiu, aceitando aplausos de seu gabinete.

No discurso, Milei falou sobre seu plano de fortalecer a infraestrutura de energia nuclear da Argentina em 2025, preparando o país para a demanda por energia que o avanço da inteligência artificial (IA) no mundo vai gerar.

“O aumento da demanda de energia que a inteligência artificial vai gerar no mundo inteiro vai gerar um ressurgimento da energia nuclear após décadas de declínio. Não vamos ficar para trás. Vamos desenhar um plano nuclear argentino, que contemple a construção de novos reatores e a pesquisa de tecnologias”, disse Milei, acrescentando “que ninguém se surpreenda se a Argentina se tornar o próximo polo de Inteligência Artificial”.

Milei alfinetou seus opositores ao longo do discurso. O presidente não poupou críticas à “casta” política e às estruturas que, segundo ele, impediram o avanço da sociedade argentina.

“Diziam que não chegaríamos a janeiro, mas já estamos em dezembro. Diziam isso porque não queriam que expuséssemos seus esquemas. Antes, o que é positivo para a sociedade era negativo para a casta. Para eles, não importa pensar no longo prazo, está no seu DNA, eles só pensam em explorar a sociedade. À casta não importa o futuro”, disse Milei.

“Nesta mesma linha, quero avisar ao restante da política: a sociedade declarou que não tolera mais frustrações nem obstáculos em nossas decisões. podem embarcar no trem do progresso ou serem atropelados por ele”, acrescentou o chefe da Casa Rosada.

“Chegou a hora do homem comum”, declarou. “Nós viemos cortar e acabar com esse sistema de raiz”, disse, em referência à velha política.

Ao encerrar seu discurso, Milei prometeu que seu governo continuará defendendo reformas para reestruturar o estado e proteger a sociedade argentina.

“Vamos implementar uma agenda de reformas profundas. Avançaremos em um plano de ajuste para reduzir impostos e devolver dinheiro ao setor privado. Impulsionaremos também uma reforma impositiva, previdenciária e trabalhista. Além disso, abordaremos leis de segurança nacional, será impulsionada uma reforma penal, política e outras”, disse.

“Espero que tenham um dezembro feliz e em família. Tenham a tranquilidade de que este governo os defenderá”, concluiu.