O secretário-geral da ONU, António Guterres, e governos de países árabes manifestaram críticas nesta segunda-feira (9) ao envio das Forças de Defesa de Israel (FDI) na zona desmilitarizada das Colinas de Golã, um território estratégico entre Israel e Síria . O avanço israelense ocorreu após a derrubada do regime de Bashar al-Assad e do controle de Damasco por rebeldes islâmicos.
Stéphane Dujarric, porta-voz de Guterres, declarou que a ação viola o Acordo de Separação de 1974, firmado para evitar confrontos diretos entre os dois países.
“Acreditamos que isso seria uma violação do acordo de 1974, e acordos não devem ser violados”, afirmou durante coletiva de imprensa na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.
As FDI confirmaram ter tomado posições em Monte Hermon, na área desmilitarizada, para conter possíveis ameaças à segurança israelense após a desintegração do regime sírio. As autoridades israelenses indicaram que as tropas avançaram cerca de três quilômetros além da fronteira estabelecida nas Colinas da Golã, ocupadas por Israel desde 1967 e formalmente anexadas em 1981.
Israel reforça segurança e pede cautela à população síria
O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, destacou que a medida é defensiva e visa garantir a estabilidade em uma região novamente fragilizada por conflitos internos. Katz também pediu aos moradores de cinco cidades sírias localizadas na zona desmilitarizada que permanecessem em suas casas. Apesar disso, relatos da imprensa síria e ativistas indicam ataques aéreos apontados a Israel contra alvos do agora antigo regime de Assad em Damasco, incluindo depósitos de armas e aeroportos militares.
Embora Israel não tenha confirmado os bombardeios, as ações ampliaram as tensões na região. Katz também determinou a criação de uma “zona de segurança” no sul da Síria, livre de armas pesadas, para garantir o controle sobre áreas próximas à fronteira.
Países árabes reagem e acusam Israel de “ocupação”
Egito, Catar e Iraque condenaram a presença militar israelense na área desmilitarizada, classificando-a como uma violação flagrante do acordo internacional de 1974. O Ministério das Relações Exteriores do Egito acusou Israel de explorar o colapso do regime sírio para expandir sua presença territorial.
“O Egito condena veementemente a tomada por Israel da zona de amortecimento com a República Árabe da Síria e suas posições de comando adjacentes, o que constitui uma ocupação do território sírio”, afirmou o governo egípcio.
O Catar qualificou a operação como uma “agressão flagrante contra a soberania da Síria” e alertou que uma política israelense de fato consumado aumentou as tensões na região. Já o governo do Iraque pediu ao Conselho de Segurança da ONU que intervenha para conter o avanço inovador.
A ONU mantém uma força de paz nas Colinas da Golã desde a do acordo de 1974, mas a desestabilização da Síria nos últimos anos gerou incertezas sobre a aplicação do tratado.
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