Um homem que foi resgatado por rebeldes de uma prisão na Síria durante uma reportagem feita pela jornalista Clarissa Ward, da emissora americana CNN, era na verdade, segunda apuração da agência síria de verificação de fatos Verifique-Sy, um torturador do regime de Bashar al-Assad, derrubado pelos rebeldes na última semana.
O homem, que no momento do resgate se acordou como Adel Ghurbal, disse que estava preso há três meses e afirmou não saber que o regime de Assad havia caído. A imagem do resgate foi veiculada em massa nas redes sociais, sendo utilizada por muitos para retratar o terror das prisões que estavam sob controle do regime sírio.
Durante uma reportagem, Ward investigou locais controlados pela ditadura em busca de informações sobre Austin Tice, jornalista americano detido na Síria que ainda está desaparecido.
Segundo a Verifique-Sy, o verdadeiro nome de Adel Ghurbal é Salama Mohammad Salama, também conhecido por colegas como Abu Hamza. Ele foi identificado pela agência como sendo um oficial de inteligência da Força Aérea Síria, responsável por extorquir civis, forçar moradores a se tornarem informantes do regime e torturar aqueles que não pagavam subornos.
“Ele estava bem cuidado, saudável e sem sinais de tortura, algo incompatível com alguém que teria ado 90 dias em isolamento no escuro”, disse a agência ao apontar inconsistências no relato transmitido por Salama à CNNacrescentando ainda que o homem “não piscou nem reagiu ao olhar para o céu, mesmo dizendo que não via luz do dia há meses”.
Segundo a Verificar-SySalama foi preso após uma disputa com um superior sobre uma divisão de uma quantia de dinheiro que foi roubada de civis torturados. Diferentemente do que afirmou, o oficial não foi detido no local há três meses, e sim um.
Resposta da CNN
Diante das revelações, um CNN, que viu a reportagem com a imagem de Salama, confirmou que está investigando neste momento a real identidade do homem.
“Estamos cientes de que ele pode ter fornecido uma identidade falsa. Continuamos apurando os fatos sobre esta história e os eventos ao redor dela”, afirmou um porta-voz da emissora ao jornal britânico O telégrafo. “A decisão de libertar o prisioneiro foi tomada pelo guarda rebelde que nos acompanhava. Relatamos a cena como aconteceu, incluindo as descrições feitas pelo homem, com atribuição clara”, disse a emissora.
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