Segundo funcionários do gabinete, todos eram obrigados a entregar parte dos vencimentos, entre R$ 1.470 e R$ 2.940, todos os meses. O dinheiro em espécie foi reado na Alerj, na academia de Armelau ou na casa dela. Deputada Índia Armelau é investigada por suspeita de rachadinha O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), através da Promotoria Eleitoral, está investigando a deputada Índia Armelau (PL) por suspeita de praticar o crime conhecido como rachadinha, em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). A rachadinha é quando um servidor público se apropria de parte dos pagamentos mensais de seus subordinados, nesse caso os assessores do parlamentar. Segundo funcionários do gabinete da Índia Armelau, todos os assessores eram obrigados a entregar parte dos vencimentos, entre R$ 1.470 e R$ 2.940, todos os meses. O dinheiro reado para o parlamentar era o auxílio alimentar pago aos funcionários da Alerj. Ainda de acordo com as denúncias, o dinheiro era reado em espécie, muitas vezes em uma sala no gabinete do parlamentar, para um assessor de confiança da deputada. No entanto, em algumas oportunidades, a entrega de parte dos exercícios dos servidores foi feita na academia de Armelau ou na casa dela. O ex-chefe de gabinete acusa Índia Armelau de chefiar um esquema de desvio de dinheiro público, a rachadinha. Reprodução redes sociais Leandro Araújo, ex-chefe de gabinete da deputada estadual, contou ao RJ2 como ficou sabendo que Índia Armelau praticava a rachadinha no gabinete. “Depois dos primeiros meses eu comecei a ver o movimento das pessoas que entravam e iam para a sala do lado para entregar para esse rapaz um pacote. (…) Teve dias que eu entrei para entregar e eu vi um dinheiro”. “Entreguei na mão dela e ela vira na minha cara, fica toda sem graça, e fala: 'Isso aqui é para pagar as contas'. Só que era muito dinheiro, era muito dinheiro”, denunciou Araújo. O ex-chefe de gabinete acusa Índia Armelau de chefiar um esquema de desvio de dinheiro público, a rachadinha. A exoneração de Leandro foi publicada no Diário Oficial do Poder Legislativo em janeiro de 2025, um mês depois da entrevista ao RJ2. Leandro explicou que o dinheiro desviado era o auxílio alimentar que cada um tinha direito a receber como benefício do emprego. “O pessoal tinha que sacar o dinheiro. Quem tinha uma alimentação era R$ 1.470, que é o valor do (auxílio) alimentação. Quem tem duas alimentações é R$ 2.940”, contornou. “(A entrega) era dentro do gabinete, com uma pessoa específica. Tinha que dar o dinheiro para essa pessoa. Ou dentro da academia dela e até dentro da casa dela”, completou Leandro. Ree na casa da delegada Um outro homem que não quis se identificar também trabalhou no gabinete da Índia Armelau. Em um vídeo, ele aparece contando os R$ 1.470 da cota de alimentação do seu salário. Ele deixa o dinheiro em cima de uma bancada. O ex-funcionário afirma que a casa é da Índia Armelau. Funcionário da Índia Armelau entrega parte do salário na casa da deputada Reprodução TV Globo Em uma imagem publicada pela deputada nas redes sociais, é possível ver o cômodo e as prateleiras com troféus que também aparecem no vídeo da entrega do dinheiro. Uma foto de anúncio em um site de venda de imóveis, também dá pra ver a mureta e as cadeiras que aparecem no fundo do vídeo do ex-funcionário. Piscineiro pago com dinheiro público Um dos funcionários que dizem participar do esquema de rachadinha no gabinete do parlamentar contorno que foi contratado como assessor parlamentar, mas que inicialmente trabalhou como motoboy. Contudo, com pouco tempo, ele ou a ter praticamente uma única função: piscineiro da casa da deputada. “Documento mesmo da Alerj eu acho que só levei duas vezes durante um ano”, contornou. “Quando ela me contratou, ela falou pra mim: “você vai trabalhar na Alerj, mas você pode ficar nas suas piscinas que você tem, para você não perder, inclusive você vai até continuar limpando a minha”. Só que ela falou que a ela não ia pagar porque já estava até no salário da Alerj”. “Aí eu falei: “poxa, então faz o seguinte, Amanda, já que você não quer me pagar, você compra o material, que a mão de obra eu faço, não custa nada, eu faço”. E assim a gente foi fazendo “, explicou. Durante os outros dias da semana, o funcionário contou que praticamente não tinha nenhuma demanda relacionada ao mandato da deputada. “Só quando eles me chamavam. O resto dos dias eu ficava em casa, aí ficava rodando no aplicativo. Quando eles me chamavam, aí eu ia”, disse o funcionário. Patrimônio multiplicado por 20 Amanda Brandão Armelau atualizou o nome político Índia Armelau. Ela é deputada estadual de primeiro mandato, eleita em 2022 com 57 mil votos, fincada na bandeira da agenda anticorrupção Na última eleição municipal, foi candidata a vice-prefeita do rio na chapa encabeçada por Alexandre Ramagem, também do PL. Índia Armelau foi candidata a vice-prefeita do Rio em 2024. Reprodução TV Globo De uma eleição para a outra, o patrimônio declarado à Justiça Eleitoral foi multiplicado em 20 vezes, em apenas dois anos. Em 2022, ela tinha declarado R$ 37,5 mil, o equivalente a metade das cotas da academia que possui no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste. Na eleição seguinte, o total em bens saltou para mais de R$ 700 mil. Além da academia, a Índia declarou possuir metade de uma casa, metade de um apartamento e R$ 52 mil em espécie – ou seja, dinheiro vivo. Recentemente, a Índia Armelau se mudou para essa casa comprada por R$ 1,6 milhão. Fim do sonho da casa própria O ex-funcionário da deputada contorno ao RJ2 que também sonhava com a casa própria. Ele relatou ter sido contratado com um salário de R$ 3,5 mil, mas logo no início do novo emprego recebeu mais do que imaginava. Ele ficou eufórico. O valor extra era o auxílio alimentar. O que o trabalhador não sabia é que, segundo ele, aquele valor teria que ser entregue a um chefe. “Eu tinha falado com a minha esposa que a gente ia comprar nossa casa. Que eu ia ganhar bem. (…) Aí, ela foi e me ligou. Ela falou assim: 'a lá em casa e deixa um documento'. Aí, eu falei: 'poxa, mas que documento, você não me deu o documento nenhum'”. “Aí eu fiquei preocupado. Ela foi e me explicou: 'não, então lembra que eu falei para você que você ia ganhar R$ 3,5 mil?'. 'Lembro'. 'Então, o teu salário é esse. O que vai entrar a mais, aí você vai ter que me devolver'”, contorno. Código para rachadinha Os funcionários contaram ao RJ2 que a cobrança para o pagamento da rachadinha era feita por um aplicativo de troca de mensagens e com um código para disfarçar o pedido pelo dinheiro. “Tinha uma pessoa que conhecia e eles denominavam como documento. Eles colocavam até um apelido nisso colocavam como documento: 'documento amanhã' 'documento hoje', 'documento tal dia', revelou. O pagamento do auxílio alimentação para os funcionários da Alerj é feito todo dia 20 de cada mês. Segundo as denúncias, no dia 19 de maio de 2024, na véspera do pagamento, um funcionário enviou uma mensagem para Leandro Araújo, o ex-chefe de gabinete da deputada. “Léo, boa noite. Documento quarta”. Segundo ele, os extratos comprovaram que o valor foi sacado no dia combinado. Dinheiro entregue na casa da deputada Índia Armelau (PL) Reprodução TV Globo “Leandro Araújo contou ainda que o dinheiro da rachadinha foi entregue ao colega de gabinete que enviava as mensagens, João Lemgruber. A troca de mensagens se repetiu outras vezes, com poucas variações, sempre perto do dia 20, segundo as denúncias Em contato com a reportagem, um assessor da deputada negou que a Índia praticou rachadinha no gabinete. Por telefone, ele afirmou que os pedidos de 'documento' eram para a confecção de crachás de identificação. “Não, tem nada disso não. Era documento de foto, normal. (…) Não existe, não existe nenhum tipo de transferência não”, contornou. O que diz a deputada Em nota, a deputada Índia Armelau negou as acusações. “Nesses tempos em que são recorrentes os casos de manipulação de áudios e vídeos, até por inteligência artificial, assustam a que ponto chega a maldade humana. Eu vou tomar as medidas legais cabíveis sobre essas mentiras. O mandato é íntegro, não será manchado por pessoas e pseudo ex-funcionários vingativos, sem muito técnica, que mentem e difamam para tentar destruir minha coleta e demais assessores do gabinete Tentaram me difamar na época da última campanha eleitoral e não conseguiram porque a Receita Federal. possuo todas as informações sobre o meu patrimônio, construída legalmente e, em sua maior parte, fruto de um financiamento para financiamento imobiliário. Estou prejudicando ataques de pessoas que frequentavam minha casa há mais de um ano, ocupavam cargas de confiança e não aceitavam as. demissões por desempenho insuficiente e quebra de confiança, inclusive assédio contra membros da minha equipe. As medidas legais cabíveis sobre essas mentiras serão tomadas. . Todas as calúnias e difamação não vão prevalecer”.
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