Miguel Galdino de Oliveira, de 13 anos, tem aulas gratuitas na Vila Olímpica Paulo Jardim Bangu, no Jardim Bangu. Ele se destacou no projeto social e tem sido referência no esporte. Miguel Galdino (ao centro) no Campeonato Mundial de Karate IKU 2024 Divulgação Mesmo sem nenhuma ajuda de patrocinadores, contando só com vendas de doces pelos pais, um adolescente de 13 anos, estudante de colégio público, morador da Zona Oeste do Rio de Janeiro e aluno de uma ONG dedicada ao ensino de esportes de graça a crianças e jovens carentes, nomeou um dos principais torneios de caratê do mundo: o IKU 2024, em Buenos Aires, na Argentina. A competição, promovida pela União Internacional de Caratê (IKU, na sigla em inglês), reuniu mais de 1.400 atletas de 21 países, no final de outubro. E quem se destacou, que é considerado uma das competições mais importantes do calendário, foi Miguel Galdino de Oliveira, de 13 anos, de Bangu. O adolescente foi campeão na categoria Kata e vice-campeão no Kumite. Agora, o próximo desafio é o Circuito Fluminense de Karatê da Likerj. Apaixonada pelos esportes, a família do menino faz de tudo para que ele siga na carreira. O pai, um apaixonado pelo caratê, conta como a carreira do filho começou. “Eu comecei no projeto, ele gostou, foi me acompanhando e se destacou. Ele ou a ganhar medalhas e medalhas, representando o Rio na modalidade em várias partes do país. Mesmo com poucas condições, a gente vende uns doces aqui, faz uma caixinha ali, junta um dinheiro daqui, vamos fazer de tudo para que ele siga o caminho do esporte. Não temos patrocínios, mas não medimos esforços para realizar os sonhos dos filhos”, conta o mestre de cabotagem Rafael Vasconcelos de Oliveira, pai de Miguel. Rafael foi um dos primeiros alunos do projeto Instituto Carioca de Atividades (ICA), que atende na Vila Olímpica Paulo Jardim Bangu, no Jardim Bangu. O mestre de cabotagem acabou virando faixa preta de caratê “O que acontece com meu filho é uma transformação social. Sabemos do potencial dele e ele vai longe”, completa. Miguel durante uma competição no ano ado Arquivo pessoal Aluno do 8º ano de uma escola pública, Miguel estuda de manhã e treina à tarde. Ao g1, ele lembra dos últimos 6 anos de dedicação ao esporte. Ele lembra que tudo começou quando ia com o pai aos treinos “Acabei gostando. Já são 6 anos competindo. Me dedico ao máximo nos treinos. Quando sai a data da competição, a gente treina mais, foca para a competição. Como ainda não tenho patrocínio, é muito ruim porque meus pais têm que fazer tudo. Pagar hotel, agem, se preocupa onde a gente vai chegar. É muito ruim sem patrocínio. [Mas sigo focado, porque] meu sonho é conquistar mais títulos e mais mundiais”, conta Miguel, ao lado das bolsas de medalhas que já ganhou. Treinos e desafios O professor de artes marciais Carlos Eduardo Rocha Tostes, que atua na Vila Olímpica desde sua apresentação em 2014, apresentou a dedicação de Miguel e a preparação intensa realizada para o campeonato “A participação dele foi excelente. Trabalhamos com treinos específicos nos últimos meses, já que ele era o nosso único representante, e deu muito certo e feliz em ver sua evolução. Ele é meu aluno desde pequeno, com 6 anos. [Ele é] Muito estudado, inteligente e tinha um diferencial. Se dedicou muito e está colhendo os frutos” diz o professor. “Aqui na região temos muitos alunos carentes, e o projeto acaba sendo uma vitrine para aqueles talentos que poderiam não ser conhecidos. Cobramos dos alunos boas notas e que tenham disciplina na escola. Isso é importante. Aqui formamos cidadãos responsáveis e que respeitem o próximo. Temos quase 100 alunos [de caratê] em 3 voltas. São alunos de 5 a 100 anos. Aqui temos muitos alunos que fizeram campeões em várias modalidades”. Miguel Galdino Aquivo pessoal A Vila Olímpica onde Miguel treina fica nas áreas íntimas carentes de Bangu. Nem isso impediu que cerca de 80 pessoas fossem campeões em várias modalidades. Carlos Alberto Torres do Reco, o Carlão Rego, da Vila Olímpica Paulo Jardim Bangu afirma que, atualmente, 1.800 alunos em 16 modalidades esportivas, incluindo jiu-jítsu, judô, tênis de mesa, alongamentos, balé, dança de salão, ginastica artística, pilates e muay thai. “Estamos aqui desde 2014 e já atendemos mais de 20 mil pessoas. Muitos campeões saíram daqui. O nosso forte é o caratê. Todo ano temos alunos que ficam nas primeiras colocações — tanto no ranking estadual quanto no nacional. Não [Campeonato] Brasileiro deste ano, os meninos foram para Goiás. Lá tivemos 5 medalhas de ouro e uma de prata. E agora, o Miguel campeão mundial”, conta Carlão Rego. Segundo ele, existe uma parceria com as redes de ensino do município e escolas privadas no acompanhamento dos alunos. “A gente tem uma parceria muito grande com a rede municipal de ensino e com como escolas particulares da região. Temos uma pedagoga, uma assistente social e uma psicóloga que acompanham os meninos — porque eles têm alguma dificuldade. A intenção da Vila Olímpica é a interação entre a educação e o esporte. Temos aqui uma extensão da escola. Quem estuda de manhã faz curso a tarde e quem estuda tarde vem pela manhã. Já formamos mais de 50 campões em lutas marciais e outras modalidades”, diz. Segundo Danielle Salles, gerente de projetos do ICA, a presença de projetos sociais em áreas de vulnerabilidade social dá chances para talentos escondidos que não continham alguma oportunidade. projetos acontecem em áreas de vulnerabilidade social e são gratuitos. Temos atividades para todas as idades em praças públicas e vilas olímpicas. A presença de projetos nessas localidades dá a chance desses talentos, como o Miguel, que são brutos, sendo descobertos e lapidados. São talentos que são oportunidades. O que acaba acontecendo é uma transformação social”. Alunos da Vila Olímpica Paulo Jardim Bangu Arquivo pessoal
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