mercado piora expectativa de inflação e dólar, mas vê PIB maior

Os analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Banco Central pioraram as expectativas para o avanço da inflação e da cotação do dólar neste ano, de acordo com o Relatório Focus desta segunda (4). O índice oficial usado para calcular o aumento dos preços no país – o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – ainda está acima da meta e alcança 4,59%.

Esta é a quinta semana consecutiva de aumento da projeção para a inflação neste ano, faltando menos de dois meses para o encerramento de 2024. Com isso, os analistas já prevêem um aumento também nos próximos dois anos, de 4,03% em 2025 e de 3,61% em 2026.

O câmbio do dólar também segue uma escalada sucessiva há quatro semanas, com previsão de terminar o ano em R$ 5,50. Esse patamar, no entanto, tem sido superado desde a semana ada por causa da demora do governo em apresentar um plano concreto de corte de gastos – prometido para depois das eleições.

Na última sexta (1º), a moeda norte-americana fechou no maior nível desde maio de 2020, cotada a R$ 5,87 devido às incertezas do mercado com os rumores da economia brasileira. Essa disparada do dólar fez com que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ordenasse ao ministro Fernando Haddad (Fazenda) que ficasse no Brasil para costurar o pacote de corte de gastos.

Haddad viajaria para a Europa nesta segunda (4) para uma agenda de negócios por Paris, Londres, Berlim e Bruxelas. Ele terá uma reunião com Lula ainda pela manhã.

A disparada do dólar e a inflação já bem acima da meta podem influenciar diretamente a discussão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, que se reúne nesta semana para discutir a taxa básica de juros. A expectativa é de que haja um aumento de 0,5 ponto percentual na Selic atual, que está em 10,75%.

O Banco Central tem reiterado que vai manter uma taxa elevada até que a inflação seja trazida para o mais próximo possível do centro da meta, de 3%. Atualmente, o teto é de 4,5%.

Apesar da piora da inflação e do câmbio do dólar, o mercado prevê que a economia brasileira seguirá crescendo e projetará um PIB (Produto Interno Bruto, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país) de 3,1% neste ano. É o quarto aumento seguido das expectativas com 0,02 ponto percentual na comparação com a semana ada e de 0,1 há um mês.