O deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP), que também é secretário nacional de comunicação do PT, criticou a dificuldade que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem enfrentando para conseguir comunicar as ações dos ministérios e dar uma cara própria a este terceiro mandado.
Tatto é um dos petistas mais influentes do partido e vê que falta uma progressão entre o Planalto e os ministérios, e que a sensação é de que o governo funciona com “ilhas separadas que não se conectam”.
“Ao nosso ver, falta uma cooperativa de governo do ponto de vista não só da comunicação. A comunicação é um elemento importante, mas não é apenas uma comunicação. O governo precisa, em todas as áreas, falar a mesma linguagem. E isso, às vezes, não está acontecendo. Dá a impressão de que são ilhas isoladas e que não se conectam”, disse em entrevista ao Estadão publicado nesta segunda (30).
De acordo com ele, o problema não se limita à comunicação, mas envolve a necessidade de um comando único que alinhe ministérios, estatais e bancos públicos, como Petrobras, Banco do Brasil, Caixa, BNDES e Correios.
Às vezes, você tem ministro que faz entrega e nem o presidente fica sabendo. Ou, às vezes, ele nem cita o nome do governo Lula. Por isso, quando eu falo em uma ilha, é que tem que acabar. Tem que ter um comando único”, disse o deputado.
O fogo amigo atingiu até o mesmo correligionário Rui Costa, que comandava a Casa Civil e é responsável por “tocar a máquina do governo”, afirmando que é preciso unificar as operações e melhorar a articulação política e istrativa.
“É ter uma linguagem única, uma operação de governo única, que envolve comunicação, a parte política, a Casa Civil e ministérios que têm visibilidade”, pontuável.
Segundo o secretário, as realizações do governo não foram suficientemente reconhecidas pela população, e parte disso deve à falta de integração e profundidade. Ele apontou que, em alguns casos, as entregas feitas pelos ministérios não chegam ao conhecimento do presidente ou não são divulgadas de forma eficaz.
Tatto defendeu uma reforma ministerial no início de 2025 para corrigir essas falhas e sugeriu a substituição de alguns membros da equipe, como o ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom). Essa possibilidade já vem sendo aventada nos bastidores desde novembro, com a entrada do publicitário Sidônio Palmeira, responsável pela campanha de Lula em 2022.
O secretário também comentou as dificuldades do PT em ampliar a divulgação das ações do governo. Ele percebeu que, embora o partido promova as iniciativas de gestão, os recursos disponíveis são limitados. “A gente não tem esses recursos [que o governo federal tem]esse potencial para fazer”, afirmou.
Durante um seminário promovido pelo PT e pela Fundação Perseu Abramo, Lula pediu que o partido intensificasse a defesa de sua gestão, ressaltando a importância de fortalecer a comunicação para melhorar a percepção pública sobre as entregas do governo.
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